O envelhecimento é um processo natural que se caracteriza pelas modificações fisiológicas que influenciam a alimentação dos idosos, promovendo limitações com consequências na ingestão alimentar e no estado nutricional, entre as quais, problemas de mastigação (falta de dentes ou próteses) e de deglutição, desidratação, alterações da função gastrointestinal, farmacoterapia, desnutrição e outras patologias com impacto nutricional (diabetes, hipertensão arterial).
Os idosos, tal como a população portuguesa em geral, em caso de ausência de patologia, devem seguir as recomendações da Nova Roda dos Alimentos, que é composta por 7 grupos de alimentos de diferentes dimensões, que indicam a proporção com que cada um deles deve ser consumido: cereais e derivados, tubérculos – 28%; hortícolas – 23%; fruta – 20%; laticínios – 18%; carnes, pescado e ovos – 5%; leguminosas – 4%; gorduras e óleos – 2%.
A água está também representada na Roda dos Alimentos (ao centro), simbolizando a presença na composição de quase todos os alimentos e a sua extrema importância para a saúde e para o bom funcionamento do organismo.
Desta forma, é importante o consumo de alimentos de cada grupo (alimentação completa), ingerindo maior quantidade de alimentos dos grupos maiores e menor quantidade dos grupos mais pequenos (alimentação equilibrada), variando diariamente, semanalmente e nas diferentes épocas do ano, os diferentes alimentos dentro do mesmo grupo (alimentação variada).
Uma alimentação saudável e equilibrada é uma das condições necessárias para que se viva uma vida com qualidade, principalmente à medida que a idade avança. Existem recomendações alimentares que são comuns a todos os grupos etários e, como tal, são úteis também para as pessoas idosas:
– A alimentação diária deve ser fracionada em várias refeições facilmente digeríveis, não estando mais do que três horas e meia sem comer, para não passar por momentos de fome e manter os valores de glicémia sanguínea normais;
– Por se tratar da refeição mais importante, o dia deve começar com um pequeno-almoço completo, variado e equilibrado, permitindo a recuperação do longo jejum noturno e fornecendo energia para todas as atividades diárias;
– Optar por métodos de confeção saudáveis: cozidos a vapor, grelhados, assados e estufados com refogado em cru, evitando as frituras e os assados com gordura, bem como o consumo das partes carbonizadas dos alimentos grelhados;
– Privilegiar as carnes brancas, o peixe ou os ovos, aparando e retirando todas as gorduras visíveis dos alimentos;
– Fazer um consumo adequado de legumes e hortaliças, preferindo os da época, através da inclusão da sopa no início das refeições principais (ajuda a controlar o apetite e a obter fibras, vitaminas e minerais) e da salada/legumes e hortaliças cozidas no acompanhamento das refeições principais;
– Consumir 2 a 3 porções de fruta por dia, preferindo sempre as frutas da época, uma vez que são mais equilibradas e saudáveis;
– Beber água em abundância, infusões ou chás sem adição de açúcar, ingerindo pelo menos 1,5 L de água por dia e evitando a ingestão de refrigerantes e álcool;
– Adotar o azeite em detrimento de outras gorduras quer para temperar quer para cozinhar;
– Evitar alimentos salgados e doces.
Contudo, é importante referir que nesta fase do ciclo de vida, alguns nutrientes podem estar em carência e, portanto, necessitam de uma maior atenção. É o caso do cálcio, que está presente nos laticínios, hortícolas de folha verde escura e frutos oleaginosos; do ferro, que se encontra nas carnes vermelhas, pescado, gema de ovo, vísceras, leguminosas, frutos oleaginosos e hortícolas de folha verde escura; do fósforo, que está maioritariamente nos laticínios, pescado, vísceras, frutos oleaginosos e leguminosas; do magnésio, que se encontra nos cereais, leguminosas, frutos oleaginosos e outras frutas; do potássio, presente na fruta, batata, leguminosas, frutos oleaginosos e cereais integrais; do selénio, que está maioritariamente no pescado, carne, gema de ovo e laticínios; e, do zinco, que se encontra no pescado, carnes, cereais e frutos oleaginosos.
Por tudo isto, o nutricionista desempenha um papel fundamental junto dos idosos, sendo uma mais-valia para a melhoria da saúde e qualidade de vida destas pessoas.
Carina Ferreira (Nutricionista 2984N)
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